Meu corpo, minhas regras?
- Missão Acampamento
- 29 de jan. de 2020
- 8 min de leitura
Atualizado: 24 de mar. de 2021
Aborto e anticoncepcionais
Isabella Caldeira
Raquel Silva
Hortolândia – SP, 2019
--Desde o primeiro século a Igreja tem a firme consciência de que o aborto é pecaminoso e um crime abominável. Dentre todos os crimes que a raça humana possa realizar contra a vida o aborto é o pior deles, pois o nascituro é considerado uma vida humana desde a fecundação até o seu fim natural.
“Antes mesmo que te formares no ventre materno, eu te conheci; antes que saísse do seio, eu te consagrei. ” - (Jr 1,5)
“Meus ossos não te foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda. ” - (Sl 139,15)
--A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida (CIC 2270).
--Como dito anteriormente, a partir da fecundação o nascituro já é considerado uma vida humana. Quando se fala em aborto, infelizmente não se trata apenas daqueles momentos em que a mãe conscientemente procura um local para cometê-lo. Pior do que isso, o aborto já se inicia no uso dos contraceptivos, e muitos não têm o conhecimento dessas informações e da gravidade de usá-los. Os métodos contraceptivos são abortivos porque não permitem o desenvolvimento do bebê. A pílula do dia seguinte não permite que o zigoto (ser humano com toda sua complexidade) grude na parede do útero, causando assim um aborto. O mesmo acontece com o anticoncepcional, pois ele não impede a ovulação da mulher, sendo assim, pode haver fecundação e o contraceptivo impedirá a fixação do zigoto na parede do útero. E se há fecundação, há vida. O DIU torna o útero um ambiente hostil aos espermatozoides dificultando a movimentação deles em direção ao óvulo, sendo assim incapaz de acolher a vida já concebida.
--Os preservativos não são abortivos, mas como todos os outros métodos anticonceptivos, não são aceitos pela Igreja Católica porque antes da vida matrimonial não se deve ter uma vida sexual e sim viver a castidade: A castidade segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC):
A pessoa casta mantém a integridade das forças vitais e de amor depositadas nela. Esta integridade garante a unidade da pessoa e se opõe a todo comportamento que venha feri-la; não tolera nem a vida dupla e nem a linguagem dupla. (CIC 2338).
A castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo. (CIC 2345).
--Se faz necessário compreender a fundo a castidade e saber que se trata de uma virtude que pode ser adquirida por meio da graça divina, na qual homens e mulheres têm o direito de se respeitarem e se olharem com pureza. O chamado a castidade é para todos os estados de vida: solteiro, casados, viúvos (CIC 2349). Infelizmente não há o costume de educar as crianças e ensinar os jovens a viver tal virtude, por isso eles são induzidos a saberem (de maneira errônea) sobre os contraceptivos, pois não enxergam outra saída para os relacionamentos que estabelecem.
--Os contraceptivos contribuem de diversas maneiras para a desconstrução da responsabilidade nos relacionamentos, pois incentiva que os jovens tenham relação sexual sem a preocupação da gravidez, permite que pessoas casadas se arrisquem em relações extraconjugais, pois não terá consequência. Além disso, a contracepção pode fazer com as mulheres se sintam usadas como um objeto, pois se estabelece uma relação unicamente prazerosa, excluindo o amor e a beleza trazida na relação sexual [1]. Na vida matrimonial os anticonceptivos também não são aceitos porque o casal precisa ser unitivo e procriativo, abertos à vida, pois os filhos são frutos do amor do casal, e graça de Deus em suas vidas [2].
--Existem algumas exceções em que o casal por algum período não poderá ter filhos por algum motivo grave, como por exemplo, doença física e condições emocionais. O método utilizado nessa situação é o planejamento familiar natural (PFN). Segundo Kimberly Hahn: “Todo o ato conjugal tem de estar aberto à vida, mas isso não significa que tenhamos a obrigação moral de ter todos os filhos possíveis. (...) Adiar a gravidez pode ser um bom fim, mas o fim não justifica qualquer meio. Os meios têm que ser lícitos, tal como o fim. O PFN é lícito porque, quando o usamos, os atos conjugais continuam abertos à vida”.
--A Carta Encíclica Evangelium Vitae, do Papa São João Paulo II, fala sobre o valor da vida e como a mesma é inviolável. Afirma também que a vida humana é um dom de Deus, por isso “um caráter sagrado e inviolável no qual se reflete a própria inviolabilidade do Criador”. Embora alguns acabaram indo contra os desígnios do bom Deus e a partir disso, nasceu o fundamento do aborto.
--A implantação mundial do aborto desabrocha no ano de 1952, quando o magnata John Rockefeller III funda, em Nova York, o Conselho Populacional, com a finalidade de implementar políticas internacionais de controle de crescimento populacional, hoje não apenas ainda em vigor, como também mais ativas do que naquela época [3]. Assim, surgem algumas estratégias com base na destruição dos direitos humanos, dentre elas, a junção das grandes fundações que consistia na legalização do aborto e no planejamento familiar segundo a ideia da cultura da morte. Ao que tudo indica a terceira grande estratégia, surge em meados de 1970, com o objetivo de implantar o aborto a nível mundial, especialmente nos países que resistem crescentemente à cultura da morte, em particular na América Latina, consequente a isso, o aborto chega ao Brasil.
“Para que a Cultura da Morte possa triunfar, seria necessário extinguir a Igreja Católica, um objetivo sonhado por muitos dos maiores ditadores da história, mas até o momento jamais alcançado [3].”
--Para muitas pessoas, não está claro que abortar nas primeiras duas semanas de gestação é o mesmo que abortar no nono mês de gravidez, por isso os estudos do Dr. Bernard Nathanson comprovam que o recém-concebido já está formado com 11 semanas de gestação, as únicas mudanças serão o seu próprio crescimento e aperfeiçoamento do seu ser que já existe. Ele já respira, urina, sente dor, é sensível à luz e nos primeiros dias de vida já recebe a pulsação do seu coração.
--A vida não nascida já pode sentir dor após algumas semanas dentro do ventre da mãe, ao ser expulsa desse santuário, a criança morre de maneira dolorosa. Para realização do aborto, nas primeiras semanas de gestação, é usado o método mais conhecido, o da aspiração do bebê através de um aspirador que suga e despedaça tudo que estiver dentro do útero materno. Além desse, existem alguns outros métodos abortivos; o da sucção, que o nascituro é arrancado do útero por uma sucção 29 vezes mais forte do que um aspirador de pó. Para os bebês com mais tempo de gravidez, os métodos são ainda piores, usando solução salina que queima todo o corpo da criança, assim fazendo o próprio útero expulsar a mesma, sendo jogada em um balde com água logo após esse procedimento [4].
--O Brasil é um dos países onde os jovens iniciam a vida sexual mais cedo. Isso ocorre porque a mídia diariamente incentiva a pornografia, adultério e as relações promíscuas [5]. Esses jovens, sem maturidade e sem o real conhecimento sobre os riscos de uma vida sexual ativa fora do casamento, optam pelo uso dos métodos anticonceptivos. Infelizmente a maioria da sociedade não sabe, mas o ato da anticoncepção já não era aceito por Deus desde o Antigo Testamento.
“O Senhor feriu de morte Omã por ele ter praticado o coito ao invés de obedecer a lei do levirato. ” - (Gn 38, 6-10)
--A cultura da anticoncepção há décadas vem se tornando cada vez mais comum na sociedade. Pessoas não veem mais os filhos como presentes de Deus, como Sua imagem e semelhança, mas sim como coisas descartáveis e empecilho para um excelente futuro com qualidade de vida [1].
--As mulheres recorrem ao aborto quando seu método contraceptivo falha, é isso que acontece numa sociedade que legaliza o aborto [6], fazendo com que a mentalidade anticonceptiva de hoje se torne a mentalidade abortiva de amanhã. O que essas mulheres não entendem é que ao abortar elas não deixarão de serem mães, mas sim se tornarão mães de um filho morto que elas mesmas quiseram matar. Santa Teresa de Calcutá dizia:
Eu sinto que o maior destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma guerra contra a criança – um assassinato direto da criança inocente – assassinato pela própria mãe. E se nós aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo sua própria criança, como nós podemos dizer para outras pessoas que não matem uns aos outros?
--O aborto faz duas vítimas: o bebê morto e a mãe ferida psicologicamente. Inúmeras são as consequências pós aborto: a dor, culpa, remorso, vergonha e até mesmo ódio por si mesma. São tantas marcas que elas levarão por toda vida. Quando acontece o arrependimento a mãe precisa receber acompanhamento psicológico para saber lidar com seus sentimentos. Existem muitos casos de mulheres que abortaram e depois se converteram buscando o perdão de Deus através da confissão e da reparação ajudando mães que também abortaram.
“O aborto pode ser combatido mediante a adoção. Quem não quiser as crianças que vão nascer, que as dê a mim. Não rejeitarei uma só delas. Encontrarei uns pais para elas. Ninguém tem o direito de matar um ser humano que vai nascer: nem o pai, nem a mãe, nem o estado, nem o médico. Ninguém. Nunca, jamais, em nenhum caso. Se todo o dinheiro que se gasta para matar fosse gasto em fazer que as pessoas vivessem, todos os seres humanos vivos e os que vêm ao mundo viveriam muito bem e muito felizes. Um país que permite o aborto é um país muito pobre, porque tem medo de uma criança, e o medo é sempre uma grande pobreza. ” - (Santa Teresa de Calcutá)
--Santa Teresa de Calcutá com toda sua sabedoria e santidade nos coloca uma maneira de agirmos contra o aborto. De fato, se os valores gastos com campanhas pró-aborto fossem direcionados pela vida, com certeza poderíamos dar maiores chances de vida a essas crianças.
“O aborto é um pecado tão grave. Não somente se mata a vida, mas nos colocamos mais alto do que Deus; os homens decidem quem deve viver e quem deve morrer. ” – (Santa Teresa de Calcutá).
--“Não é problema de saúde pública porque não é doença, nem epidemia, nem fome, nem contágio: é o nascimento ou a interrupção do nascimento de uma vida [7]. ” Peçamos à Virgem Maria que nos ajude a combater tal atrocidade por meio de nossas orações e informações àqueles que não enxergam a gravidade de tal ato.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAHN, Kimberly. O amor que dá vida. 2. ed. São Paulo: Quadrante, 2012
AQUINO, Felipe. O brilho da castidade. 6. ed. Lorena: Cléofas, 2018.
COMISSÃO EM DEFESA DA VIDA – REGIONAL SUL-1 CNBB. A nova estratégia mundial da cultura da morte. Disponível em: <https://s3.amazonaws.com/padrepauloricardo-files/uploads/2z6zfoqcyu7hxot95z3c/a-nova-estrategia-mundial-do-aborto.pdf> Acesso em: 12 out.2019.
AQUINO, Felipe. Aborto? Nunca. 4. ed. Lorena: Cléofas, 2010.
JUNIOR, Padre Paulo Ricardo de Azevedo. Precisamos falar das mentiras sobre a legalização do aborto. Disponível em: < https://padrepauloricardo.org/blog/precisamos-falar-das-mentiras-sobre-a-legalizacao-do-aborto>. Acesso em: 12 out. 2019.
MANTOVANI, Isabela. Especialista Isabela Mantovani apresenta números estatísticos a respeito do aborto no Brasil. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7QI5ZN9jQKI&t=8s>. Acesso em: 12 out. 2019.
RAZZO, Francisco. Contra o aborto. 1. ed. Rio de Janeiro: Record LTDA, 2017.
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