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O pecado

Atualizado: 24 de mar. de 2021

Pré-requisitos para o pecado, pecados capitais e mortais


Beatriz Soldá

Anna Laura Rivas

Enzo Sousa

Campinas, SP - 2019


“O pecado é o motivo da tua tristeza. Deixa a santidade ser o motivo da tua alegria. ” Santo Agostinho

Todo ser humano nasceu para ser plenamente feliz. Em sua infinita bondade, Deus nos criou com o plano de nos entregar a vida em plenitude, mas seduzidos pelo maligno, nossos primeiros pais pecaram e a infelicidade entrou na humanidade. Chamamos o primeiro pecado de Pecado Original, que nos trouxe como consequência a morte: perdemos então a graça da santidade original [1].

Mas, em sua infinita misericórdia, Deus nos enviou seu filho para nos redimir e reaproximar dele: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). E a Santa Igreja continua essa missão de Jesus na história dos homens de todos os tempos e lugares. Em sua sabedoria de dois mil anos, a Igreja nos diz que “Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem consequência pior para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro” (CIC 1488).

O pecado é a morte da alma, a separação que nos priva de Deus, o princípio de todo mal na história do homem e do mundo [2]. Santo Agostinho diz em seu livro “Confissões” que o pecado é procurar os prazeres nas criaturas em vez de procurar no Criador, e que isso leva à dor, à confusão e ao erro. Mesmo que o batismo retire de nós a mancha do pecado original suas sequelas continuam: o sofrimento, a doença, a morte e a concupiscência. Mas conseguimos resistir às más inclinações pela graça, lutando contra o pecado pelo amor a Deus [3].

No Catecismo, o pecado é definido como “uma falta contra a razão, uma falta de amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo” (CIC 1849). A Igreja, em sua sabedoria, classifica os pecados como mortais e veniais, sendo que o mortal é o mais grave: leva o pecador a perder seu estado de graça, que se não for recuperado diante do Sacramento da Confissão pelo arrependimento e perdão de Deus, “causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno” (CIC 1861).

O pecado mortal destrói o amor no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus, desviando-o de seu fim último ao preferir um bem inferior. Para um pecado ser considerado mortal deve haver matéria grave (precisada por tudo aquilo que descumpre os dez mandamentos), pleno consentimento e pleno conhecimento [3]. Ou seja, para haver o pecado mortal a pessoa deve saber e ter consciência do caráter pecaminoso do ato, de sua ofensa à Lei de Deus, e ainda assim desejar e realizar o pecado. O Catecismo lembra ainda que o pecado por malícia, o qual se opta deliberadamente pelo mal, é o mais grave (CIC 1860).

Por sua vez, o pecado venial não separa o homem totalmente de Deus, mas fere sua comunhão com Ele, pois não se observa a lei moral em matéria leve, ou se desobedece a lei moral em matéria grave sem conhecimento ou consentimento (CIC 1862). Contudo, não devemos nos descuidar dos pecados veniais, pois todo pecado gera na pessoa uma tendência ao próprio pecado, enfraquecendo a caridade, nos impedindo de crescer em virtude e, quando não há um verdadeiro arrependimento, levando a pessoa ao pecado mortal. Um pecado venial não é nunca insignificante: a repetição vira um vício e nos inclina à perversão [3].

Segundo a tradição da Igreja, os piores pecados são aqueles denominados capitais, que são como a matriz de inúmeros outros. Ao vencermos esses, arrancamos as piores raízes maléficas do jardim de nossa alma. São estes: a soberba, a avareza, a luxúria, a ira, a gula, a inveja e a preguiça [3].

A soberba é associada ao orgulho excessivo, à arrogância e à vaidade. Segundo São Tomás de Aquino, a soberba é um pecado que deve ter uma atenção maior, devido à sua grandiosidade. A avareza é o apego excessivo aos bens materiais e ao dinheiro, que os torna prioridade, colocando-os acima Deus. Este pecado leva à idolatria, já que tratamos algo como se fosse o próprio Deus. A luxúria, por sua vez, é o desejo egoísta por todo o prazer sensual e material, levando a pessoa ao apego dos prazeres carnais, sensuais, de corrupção de costumes e lascívia. A ira é o descontrolado sentimento de raiva, rancor e ódio que pode vir a se tornar em um sentimento de vingança e de destruição ao que a provocou. A gula é o desejo insaciável por algo, geralmente comida e bebida, mas também se refere ao egoísmo humano e ao desejo de querer mais e mais, mesmo que sem necessidade. A inveja acontece quando a pessoa ignora tudo que é seu e cobiça o que é do outro, ignorando assim suas próprias virtudes e priorizando o status de outro ao invés de crescer espiritualmente. E, finalmente, a preguiça, caracterizada pela falta de zelo, capricho e desleixo, transforma a pessoa em lentidão e moleza, se opondo ao trabalho [4].

É importante lembrar sempre que Jesus já nos libertou das cadeias do pecado, e com sua graça podemos viver uma nova vida. A permanência da concupiscência em nós, como entende Santo Agostinho, é uma oportunidade que temos de provar a Deus o nosso amor. Devemos então buscar a plenitude do amor a Deus, obedecendo aos mandamentos e buscando as virtudes que são necessárias para combatê-los, para que a cada dia seja possível alcançar a santidade que é proposta a todos, fazendo assim a vontade de Deus [3].

"Antes morrer do que pecar."- São Domingos Sávio

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. JUNIOR, Padre Paulo Ricardo de Azevedo. O pecado original. Disponível em: <https://padrepauloricardo.org/aulas/o-pecado-original>. Acesso em: 15 dez. 2019.

  2. O que é o pecado?. Disponível em: < https://opusdei.org/pt-br/article/o-que-e-o-pecado/>. Acesso em: 15 dez. 2019.

  3. AQUINO, Felipe. Os pecados e as virtudes capitais. 8. ed. Lorena: Editora Cléofas, 2010.

  4. Os 7 pecados capitais. Disponível em: <http://www.catolicoorante.com.br/7pecados.html>. Acesso em: 15 dez. 2019.

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